Estão a ver aquelas tramas de Hollywood em que o filme começa bem, tem
um desenvolvimento relativamente aborrecido e termina com um final
épico? O empate entre Académica e Moreirense (1-1) da tarde deste
domingo teve praticamente essas características.
O início de partida no Cidade de Coimbra foi na verdade agitado e
dinâmico de parte a parte, com ambas as equipas a procurarem com
frequência a velocidade nos corredores laterais e a capacidade de
cruzamento dos homens que por aí iam aparecendo.
A Briosa apareceu montada num 4x2x3x1, com Obiora e Fernando Alexandre
na contenção, ainda que aparecendo algumas vezes, não a par, na segunda
linha. Foi na subida de um desses médios, aliás, que a equipa de Filipe
Gouveia marcou o golo, isto já depois de Rafael Martins ter atirado
isolado contra o guardião da Académica.
Rui Pedro cruzou no lado direito e Obiora, com todo o espaço do mundo,
rematou com confiança e a bola desviou num defesa dos cónegos, indo-se
aninhar precisamente num dos cantinhos da baliza à guarda de Stefanovic.
Uma boa jogada, a premiar uma entrada interessante no jogo da equipa
conimbricense.
Depois desse momento, o Moreirense procurou responder, com Battaglia e
Vítor Gomes a tentarem pegar na batuta do jogo e com Iuri Medeiros e
Rafael Martins a darem mobilidade ao ataque nortenho. No entanto, o
efeito não se fez notar demasiado e depressa a Briosa regressou ao
controlo das operações.
Até ao intervalo, os academistas dominaram e foram ensaiando alguns
remates, numa grata performance de Rui Pedro e companhia, certamente
encantados com o espaço de que dispunham para atacar as entrelinhas.
Realmente, a equipa de Miguel Leal deixa inúmeros espaços entre a linha
defensiva e do meio-campo em diversos momentos do jogo.
Mas esta equipa que se parte facilmente não deixa de ter algumas
individualidades interessantes e, já a caminhar para o dealbar do
segundo tempo, Rafael Martins apareceu da esquerda para o centro e
atirou à parte lateral do poste direito da baliza de Trigueira. Um aviso
dos forasteiros, como que a querer prometer mais para o segundo
tempo...
Em boa verdade, foi o Moreirense a ter a primeira grande oportunidade de
golo do segundo tempo. Após uma falha na leitura do lance de Iago,
Rafael Martins recebeu uma bola nas costas do central academista e
atirou por duas vezes, para receber de volta outras tantas defesas
brilhantes de um inspirado e eficaz Pedro Trigueira. Estava, portanto,
dado o mote para o segundo tempo...
Ou não. Na verdade, os minutos subsequentes a essa dupla ocasião de
perigo não foram mais do que uma disputa bem semelhante a um qualquer
«solteiros vs casados» que se disputa por esse país fora. Passes sem
nexo, jogadas lentas e previsíveis, embora a Briosa, diga-se de
passagem, fosse mantendo o controlo, sem querer forçar demasiado a
coisa...
A questão é que do outro lado parecia não haver qualquer tipo de
urgência em mexer com o jogo tal era a previsibilidade do futebol
moreirense. Miguel Leal lançou o veloz Fati para animar o jogo, mas o
melhor que se viu no imediato foi um remate frouxo do extremo guineense.
O jogo só voltaria a conhecer perigo junto de uma das balizas quando
Hugo Sêco, lançado em profundidade, correu até à área moreirense e
atirou cruzado para boa intervenção de Stefanovic. A Briosa perdia aí
uma boa chance de arrumar em definitivo com um jogo que parecia calmo
embora de desfecho incerto...
Até ao fim, a partida foi jogada aos repelões, com o Moreirense a chegar
ao golo de forma épica, num momento em que o guardião Stefanovic já
jogava como ponta de lança. Fati empatou a partida após um canto do lado
direito, consumando a superioridade final da equipa minhota.
No fim, igualdade estóica dos cónegos, quiçá justa pela forma como não
desistiram de chegar ao ponto. Uma partida que apesar de não ter primado
pela beleza, foi sempre bastante intensa.
fonte: maisfutebol
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